Sábado do Santos Film Fest: Encontro de clássicos e reflexão cultural

Programação apresentou ‘Karatê Kid’ com trilha sonora ao vivo, além de sessões e discussões que celebraram a resistência e a preservação cultural

Esse sábado (22) foi agitado, por meio de celebração de clássicos e reflexão cultural. Na concha acústica, o icônico ‘Karatê Kid’ de 1984 foi exibido com trilha sonora ao vivo, através do projeto Cine Concerto, enquanto no Cine Arte Posto 4 e no Sesc Santos, filmes e debates enriqueceram o público com temas de resistência, identidade e preservação ambiental. Já na praça do BNH, a sessão infantil encantou as crianças com filmes e presença de personagens infantis.

Exibição do filme “Karate Kid” acompanhado de trilha sonora tocada por orquestra na Concha Acústica de Santos – Foto: Nice Gonçalvez

Como parte do objetivo do festival é ocupar espaços culturais da cidade, a Concha Acústica recebeu a exibição do clássico do cinema ‘Karatê Kid’ em homenagem aos seus 40 anos desde sua estreia, com uma trilha sonora ao vivo, executada pela orquestra do Cine Concerto criada por Anselmo Mancini. “O filme é exibido na integra com todos os diálogos e som de efeitos, e as músicas são executadas ao vivo por um grupo com flauta, violino, guitarra e teclado” diz Mancini.

Para acompanhar a obra de quatro décadas, o público ganhou pipoca e refrigerante gratuitamente.

O festival busca preservar memórias e fortalecer a relação entre o público e o cinema, utilizando espaços que estimulam a imaginação. A escolha de destacar a trilha sonora ao vivo contribuiu significativamente para essa experiência, como afirmou Vini Soquer “Eu amo filme dos anos 80, trabalhei com cinema na Europa durante 4 anos e quando tinha filmes antigos nas salas eram quando mais enchia”.

Logo após a sessão, houve um bate-papo com o jornalista e crítico de cinema Roberto Sadovski, mediado pelo professor universitário Eduardo Cavalcanti. O crítico comentou primeiramente sobre a experiência de assistir o filme na Concha, um ambiente em frente a praia, “eu achei esse lugar fantástico, é bem diferente, eu não sou muito fã de cinema ao ar livre, mas aqui funcionou muito bem. Estar na praia, no fim de tarde, um filme bacana, é maravilhoso!”, Sadovski conclui “É a segunda vez que eu participo do festival, e eu sinto que aqui a população abraça a ideia, é legal de ter coisa acontecendo em diversos pontos da cidade. Me sinto honrado de ser considerado pra ser convidado do Santos Film Fest”.

Roberto Sadovski e Eduardo Cavalcanti em bate-papo após o filme “Karate Kid” – Foto: Nice Gonçalvez

No Sesc Santos, a sessão das 15h da Mostra Nacional exibiu ‘Plural’, de Patricia Travassos, que estava presente e compartilhou seu sentimento sobre a primeira exibição pública de seu filme “Plural é um filme sobre a construção de identidade. Traz a história de Rita Von Hunty, uma personagem que expressa valores e críticas sociais, e no filme, ela conversa com seu criador, Guilherme Terreri. Trazer ambos para o público refletir sobre essas questões é uma honra, especialmente no festival”.

Em seguida, foi exibido ‘Onde as ondas quebram’ de Inara Chayamiti. Às 17h, foram apresentados ‘Tudo que importa’, de Coraci Ruiz, e ‘Ópera Cabaré Casa Barbosa’, de Eduardo Consonni e Rodrigo T. Marque.

No Cine Arte Posto 4, o sábado foi dedicado a reflexões, com sessões que exaltaram o cinema de resistência, das minorias e objetivos para um bem comum. O primeiro longa, ‘E se Jesus nascesse no mangue?’ de Carlos Oliveira, foi seguido por ‘Lixo não existe – A Vida é Hoje’, de Marcos Vinicius A. Santos. Ambos os filmes buscam inspirar pela preservação do meio ambiente. “Achei muito legais os filmes, podemos ver que foram feitos por alguém da região, utilizando muito bem as ferramentas que tinham,” disse Mariana Montela, estudante de Relações Públicas.

Às 18h30, foi exibido ‘A porta ao lado’, dirigido por Julia Rezende, que conta a história provocadora de dois casais que se encontram e, a partir daí, descobrem juntos o que é o amor e o desejo. “Acho incrível o festival. Sobre o filme, achei bem interessante; a diretora traz, a partir das imagens, o sentimento da protagonista,” comentou Bruna Santos.

A Mostra Humanidades das 21h iniciou com um bate-papo com o crítico e escritor de cinema Flávio Viegas e o professor universitário Wanderley Camargo.

Wanderley Camargo e Flávio Viegas em bate-papo no Cine Arte Posto 4 – Foto: Nice Gonçalvez

Wanderley comentou “O que chama a atenção desse filme é como ele continua atual, com questões de gênero e fascismo. O público pode se impactar ao perceber como 1938 e 2024 estão tão próximos”.

Flávio Viegas contou “Vi esse filme aos 14 anos. Em São Paulo, havia dois críticos de cinema, Luiz Carlos Merten e Luiz Aninho Oríquio, que hoje é um conterrâneo apaixonado por Santos. Falavam de uma experiência estética do gênio Ettore Scola, abordando temas como a homoafetividade durante a ditadura militar, com a coragem de uma dona de casa oprimida. Foi inspirador”.

Wanderley concluiu “O casal protagonista traz uma atmosfera que se paralela com a tensa atmosfera política retratada no filme. Há um ar quase documental em alguns trechos que acho que vocês vão adorar”.

Em seguida, foi exibido o clássico ‘Um dia muito especial’ de Ettore Scola, que aborda minorias, especialmente mulheres e homossexuais, na época do nazismo e fascismo. A história fez a plateia refletir e rir com as sacadas do protagonista Gabrielle.

Rodrigo Lima, arquiteto que morou em Roma durante anos, comenta “Esse filme foi especial para mim, retrata um momento difícil que a Itália passou. Foi interessante, comovente e inesquecível”.

Flávio Viegas ressaltou a importância do festival e do Cine Arte Posto 4 “O Santos Film Fest me faz rememorar o ambiente neo-realista dos cineclubes. Em uma sociedade digitalizada, após uma pandemia que nos encerrou em nossos lares, conversar sobre cinema ao vivo, olho no olho, é fundamental”. Ele completou “O Cine Arte Posto 4 está heroicamente celebrando 32 anos. A maior resistência ao fascismo é a arte e a cultura contra a barbárie”. Finalizou o escritor.

E como é costume do festival, a Praça do BNH recebeu mais uma sessão infantil, com direito ao curta “Maré Braba” de Pâmela Peregrino, que antecipou dois longas metragens na primeira sessão às 17h.

Na sessão de 19h, o curta selecionado para exibição foi “Manu Sonha com Onças” de Daniel OG, logo após, as crianças e suas famílias assistiram mais dois longas, sendo um, surpresa para o público. Ao terminar o filme, personagens de filme infantil fizeram a festa da criançada, que tiraram muitas fotos com eles.

O 10º Santos Film Fest: Festival de Cinema de Santos é realizado com o apoio da Lei Paulo Gustavo, do edital do Estado de São Paulo e de emendas parlamentares de vereadores de Santos, com o suporte da Secretaria Municipal de Cultura de Santos. A produção é do Instituto Cinezen Cultural, com apoio institucional da Universidade Católica de Santos, apoio cultural do Sesc Santos, e apoios de Padaria Nova Princesa, Restaurantes Beduíno e Cantina Di Lucca, Rizzieri Eventos, Paris Filmes e Maurício de Sousa Produções. A direção fica a cargo dos produtores André Azenha e Paula Azenha.

Deixe um comentário

Site criado com WordPress.com.

Acima ↑